quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Querem audiência?

Hoje recebi um email de minha mãe, ISTO MESMO, minha mãe, PROPAGANDO um site diferente de religião que ela segue. pensei: poxa, se até a mãe não concorda com o que que tu faz, ou é muito ruim ou é  muiito bom....Resolvi acredittar na vitória do muiito bom, e com isso espero a resposta das Deyques, Daianes, Rogérios, Batistas, Simones, Anas, Carlas, Mateus's, Tatianes, Helenas, Goulard's e tantos outros que me incentivaram a ser como sou hoje. Não coloco a minha culpa neles, muiito menos em minha família, antes  disso;  queria dividir o aluguel, a luz, a net, a ração do Ikopórã com vocês. Digo que cada um de vocês, por mais que nunca vejam esse ensait, como a Josi Munhoz que tanto me fez  chorar noites em vão, são importantes na minha constituição e resistência enquanto  cidadã.  Obrigada pelo sorriso, e desculpa se até aqui não consegui dividir contigo(sigo) nenhuma sensação.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nada de novo no Front

Hoje apresentei um seminário sobre Nada de novo no Front – Erick Maria Remarque - a obra trata de um grupo de estudantes alemães de 19 anos, em média, que se alistam para a Primeira Guerra. Porém, essa frase de impacto é-nos apresentada ao final da narrativa quando o narrador-personagem (último dos sete colegas) “tomba na linha de frente”.
Pensando nos últimos acontecimentos de minha vida, e a leitura do livro faz parte deles, relaciono o que tenho vivido com as experiências narradas pelo personagem Paul, o narrador. Ele se assume como alguém sem futuro, já que não tem uma profissão e não há uma família que o espere. Pais e irmãos já não são motivos para se manter vivo na linha de frente. Partindo dessa metáfora, penso: o que me mantém viva? Tenho mais de dez anos de diferenças deste adolescente e posso vincular-me ao mesmo raciocínio. Meus pais e irmãs são ouro em minha vida, mas não são o motivo que me mantém na linha de frente de minha batalha, e ainda em pé. Se eu disser que vivo para o estudo, como muitas pessoas pensam, estarei mentindo, é evidente que também não vivo para acumular bens – chega a ser engraçado pensar isso – não vivo pensando em constituir uma família, nem plantar árvores, e quem sabe um dia lançar um livro... porém também não é esse o motivo de minha vida. Afinal, o que me mantém viva?
Acho que a resposta veio em forma de perguntas, ontem, quando conversava com um amigo com o mesmo dilema de caminhos a percorrer. Estou viva para me constituir. E “na medida do possível,  procuramos adaptar-nos da melhor forma às situações que surgem, aproveitando todas as oportunidades e passando diretamente, sem transição, dos estremecimentos de horror às piadas mais tolas. Não podemos agir de outra forma, é assim que nos encorajamos.” (Remarque: 1974, 189)
É isso, as tentativas de ataques de nossos inimigos – pessoas e/ou situações que te magoam, maltratam, humilham, ridicularizam só serão vencidas se conseguirmos chegar às piadas tolas, pois se há o horror, não se pode valorizá-lo ainda mais, é necessário dissimulá-lo até que ele já não exista. Até que e transforme em apenas uma lembrança a mais de todo o nosso repertório de existência.
Nos últimos meses, encontrei pessoas que me julgaram sem conhecer verdadeiramente, que fingiram ser o que não eram por uma situação vil e ridícula, que fugiram disfarçadas de outrem para não encarar um diálogo sincero... essas situações me enfraqueceram, me fizera chorar, me ferem ainda hoje, diante da realidade que me levaram, porém eu sei que estou apenas na linha de frente e que aqui não é meu lugar permanente. Estou em luta e manter a seriedade e vida é o objetivo.
Então, a única arma que encontro para enfrentar essas situações é o riso. Normalmente, quem te proporciona este armamento são as outras pessoas, aquelas que voltam ao campo de batalha para te buscar e apoiar, e que a palavra amigo perde o sentido quando colocada do lado do companheiro. Este mesmo companheiro que volta porque sabe o horror que é estar sozinho e perdido no meio da guerra, é que será o responsável por achar motivos para que os dois possam, posteriormente, rir – e muito – da situação enfrentada.
Ao final, quando já outras batalhas tiverem sido vencidas, ambos companheiros, rindo, lembraram : " - Afinal, não há nada de novo no Front." 

sábado, 6 de agosto de 2011

Mulher e Literatura

Queria, mas não tenho como, dar conta de tudo que me acomete neste momento no que se refere ao Mulheres e Literatura, ocorrido em Brasília nos últimos dias. Fica o registro:

06/08/2011
20:56:52
Guga
Renata Avila Troca
tá feliz por se descobrir louca?!
06/08/2011
20:56:57
Renata Avila Troca
Guga
sim
06/08/2011
20:56:59
Renata Avila Troca
Guga
rsrsrsrs
06/08/2011
20:57:02
Renata Avila Troca
Guga
euu
06/08/2011
20:57:07
Renata Avila Troca
Guga
obrigada
06/08/2011
20:57:12
Guga
Renata Avila Troca
minha nossa! É o primeiro sintoma da loucura!
06/08/2011
20:57:39
Guga
Renata Avila Troca
ou o último?!
06/08/2011
20:57:49
Renata Avila Troca
Guga
sei lá,
06/08/2011
20:57:55
Renata Avila Troca
Guga
mas hj to mto feliz

Guga, é um amigo-irmão-marido que acompanha um grande e doloroso processo de descoberta e redescoberta  meu. E ele entende natural e felizmente quando digo que estou feliz por me descobrir louca. Louca por ter uma cor clara, e me declarar negra; louca por ter uma linha partidária na família e não me posicionar de forma alguma contra, nem muito menos a favor, enfim, quando o partido for unido talvez faça algum sentido político... Louca por abandonar um lar por um dar. Louca por me permitir ser, sem saber ao certo o que sou. 
No entanto, essa loucura foi acentuada e registrada neste dia, 06/08/11, porque registra o término do Seminário Mulher e Literatura (XIV Nacional e V Internacional). Disse-me Ele (assim como outros grandes amigos, colegas, companheiros, sonhadores, familiares e curiosos apenas) que queria saber o que eu andei aprontando aqui em Brasília onde me localizo no momento em que escrevo essas linhas.
Antes, porém, de dizer o que andei aprontando, quero dizer o que andei conhecendo.

Conheci, e aprendi a admirar, antes de tudo, uma mulher. Um sorriso, um olhar, um abraçar e confiar. Givânia. Este nome marca a minha história. Uma Renata Negra, nascida em Recife, filha dos Quilombos. Voz dos quilombolas, sonho dos negros e negras que assim como ela, exigem respeito por seus direitos constitucionais. Esta mulher me deu não somente a moradia, mas ensinamento do que é ser negro no Brasil, do que é ser solidário no Brasil; do que deveria ser brasileiro dentro e fora do Brasil.
Conheci vozes negras, há muito escondidas pelas burocracias literárias: Rosária, Fátima, Odete Semedo, Vera Duarte, Sonia Sultuane, Esmeralda Ribeiro, Lia Vieira, Geni Guimarães, Cristiane Sobral, Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Miriam Alves, Madu – que se perdeu e se achou nos caminhos desta literatura junto comigo. Conheci pesquisas, sonhos, viagens, escritas, vozes, performances, lutas, revoluções, reivindicações, preconceitos, forças, gritos e SIM onde se queria ouvir não.

Encontrei lágrimas de sangue de irmãs africanas que não sabia que continha em meus poros tão claros e encontrei em meus cachos o sorriso de lisos reprimidos em cabeças escuras. Encontrei cinema, teatro, música, brumas de uma ilha não tão distante. Encontrei Laura que Cavalga e é brilhante.


Não encontrei Tavares, a quem vim buscar. Mas encontrei o remorso, e agora com S, de ter esquecido aquele que muitas vezes já o foi. Encantei-me pela oportunidade de estar frente a frente com a autora angolana, e deixei de lado aquele que tem andado lado a lado comigo. Seu Beto, aquele que tem sido minha bandeira, meu grito, meu lamento e orgulho. Meu eu violento, masculino e machista. Meu eu revolucionário e cheio de defeitos, loucuras e medos.

Foi porém, após o aprendizado de ver a velha negra, Conceição, levantar a cabeça e dizer: Batam palmas, porque este é o nosso momento e o merecemos, Foi porém após ter cantado “Olha o Combo”, Foi porém, após ter chorado com Odete Semedo, Foi porém após ter viajado com as palavras de  Sonia Sultuane, Foi porém após ter conversado com a professora Edileusa Souza que aprendi que as insubmissas lágrimas de mulher não verão mais o chão.

Guga, estou pronta para Guerra. Armada com as armas de Tettamanzy; o que me são suficientes para enfrentar as próximas limitações que tentarão  - em vão – calar a mim,  a Seu Beto e a  todas as outras Poéticas Orais.

Então, o que aprontei aqui, foi mais ou menos isso: sabe aquelas crianças mutiladas, aquelas circuncisões femininas, aqueles lugares negados no emprego, o olhar desconfiado no ônibus... pois é, é mais ou menos isso que andei devolvendo em minha performance durante os meus maiores e melhores quinze minutos de intensa fama. 

Agora, guardo a mateira e me preparo para voltar ao RS... minha Pasárgada de sorriso estampado e coração alargado de tanta emoção.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Chuva


Li um poema ruim agora... ele falava que a chuva é formada de lágrimas de desaprovação de deus pelo que estamos fazendo com o mundo. Critiquei o moralismo existente. Não devemos julgar nada nem ninguém, apenas cuidar de nossa parte. Não sei se o autor dele separa o lixo, ou ajuda aos velhinhos a atravessar a rua, também não me interessa isso. O que interessa é que todos nós estamos mergulhados em defeitos, fraquezas e completo abandono.
Defeitos que talvez nem percebamos, ou que queremos nos manter cegos para não enxergá-los. Ou ainda, temo-los nos olhos dos outros e que jamais seremos capazes de vê-los refletidos no espelho de nossa outra metade da alteridade. Defeitos que transformam e excluem nossas qualidades e virtudes. Que fazem com que nossos sorrisos cessem e na volta dos lábios se criem rugas.
Fraquezas por não aceitar que temos tantos e tão graves defeitos. Fraquezas de saber que nossas escolhas nem sempre são as certas, e que, às vezes, mesmo tentando acertar temos como alvo o erro. Fraquezas de não saber cumprir o que a razão nos ensina. Fraquezas que nos transformam em sujeitos com cada vez mais e mais defeitos. Mas são fraquezas que acima de tudo nos transformam em sujeitos.
Abandono. Pois eu não existo longe do outro. Sou um cão escondido em meus pêlos molhados num dia chuvoso que chora baixinho a minha solidão. Mas que ainda assim, esse choro carrega a esperança de chegar a um outro que venha em minha direção. Que não veja um ser fedido, ou um animal raivoso, ou ainda um contaminador de ambientes saudáveis e felizes como o é todo aquele lugar em que nunca estive.
Esse cão chora também aqui debaixo da minha cama, no corredor de meu prédio, na esquina de minha quadra, no banco do motorista e também do cobrador dos ônibus que utilizo diariamente. Esse mesmo cão está presente na pessoa que senta ao meu lado no ônibus, como naquela que fica em pé segurando o peso de seu futuro materializado em páginas e páginas. Ele também está naquele cego que mescla chicles da Clarice, como nas mulheres de guerra de Tavares. Nos catadores de lixo amigos, e inimigos, de Seu Beto, como no olhar da Joana pedindo pandorga.
Estejamos todos nós preparados para os dias de chuva, com seus milhares de cães presentes em nossos espelhos.
Nossa alteridade; talvez seja isso que as gotas de chuva esparramam em nosso caminho, nas janelas de nossas casas e também dos automóveis que nos carregam, sem mesmo olharmos as pessoas que estão conosco, nos bancos da frente ou de traz, no guarda-chuva fechado... e talvez também seja por isso que tanta gente foge daquele banho “abençoado” de chuva... reclamando quando molha o cabelo, as mãos, os pés... isso porque chegando em nossa matéria física, essa alteridade torna-se mais próxima de nossa alma.

quinta-feira, 24 de março de 2011


Não consigo lembrar ao certo como foi que isso aconteceu... apenas tornou-se ato, laço, aço, dedo e coração. Olhar que fala, sorriso que chora, braço que caminha, cabelo que entrelaça, mãos que dançam. O inverso e ao mesmo tempo o complemento. O diferente tão igual. O julgamento certeiro, achando que está errando. O conceito desconceituado. O abraço perdido numa esquina e encontrado num bar. O saber e o descobrir, o querer e o pudor. Sem saber, apenas sendo. Ele ela! ela ele! ele ele! ela ela! El@.

Elementos naturais, habitat’s, sentimentos, quereres, desprazeres tão prazerosos.

Caminhar, correr, pular, fingir que não viu e atalhar; cair e retornar ao caminho. Medo de seguir, a mão que empurra, que levanta, que aponta e diz: é lá, se fores, te apoio, se ficares, também! Enquanto não decides, que tal um vinho?

Ela, a velha, a experiente, a chata! Ele: o novo, o aprendiz, o chato!

O aprendiz experiente, a experiente aprendiz. A nova velha, a velha nova, O novo, velho conhecido, novo conhecedor... Chat@s por tanto se protegerem, se quererem, se pertencerem.

- “Diriges como um homem, bebes como um homem, transas como um homem”

-“ Já andasse comigo, já bebesse comigo, mas já transasse comigo?”

O que a intimidade faz com as pessoas! Lá vai:

- “Diriges como uma mulher, bebes como uma mulher, transas como uma mulher”

-“ Já andasse comigo, já bebesse comigo, mas já transasse comigo?”

O que a intimidade faz com as pessoas! Gostasse? Não?! Eu adorei!!!!!!!!!!!!!! Rsrsrsrsrsrs

Amigos, a família que se escolheu!

É buzinar, subir e confiar. É ligar e dizer: Sou bixo, queria que fosses a primeira a saber!

É desligar o telefone, rindo e as paredes opacas como os sorrisos, não entenderem o que isso significou... É beber e querer fugir. É xingar e não ir. É emprestar o ombro, a moto, o pala. É ouvir de crianças inocentes e de adultos aborrecentes o mesmo comentário malicioso sobre homens e mulheres.

É estar em uma sexta, à noite, cansada de ser tão nostálgica, comento uma massa com salsinha com Polar, escutando Adriana e ser importunada nessa desarmonia tão perfeita pelo “chamar a atenção”... é sentir a dor na coluna diminuir, o sorriso se abrir, o olho lagrimejar. Vontade de apertar, de gritar: te amo, de estar perto, de chamar: safadinhoooooo

Lembrar o que é o amor, o que é paz, o que é o bem-querer. Lembrar de tempos que não voltam, mas que constroem os que virão.

É lembrar do cigarro, da bagana, de Caio, de Clarice, de Teoria, de Produção, de Texto, de livros....iiihhhhh a renovação! É confiar a senha, o olhar, o segredo e o seu desvendar. É contar, sem querer, é chorar querendo rir, é amar odiar.

A morte como um risco, a vida como um raio de sol. A família, eis que há afinal.

A metáfora diz o que não é pra dizer, o dizer não diz o que se tem que dizer. Entrelinhas que tanto enredam, o nó que facilmente se abre.

Dois novos mundos, respectivamente, se abrem. Um intelectual, outro geográfico. Um intelectual que almeja europetizar, um geográfico que almeja bachelardiar. Simbologias e significados tão seus e tão de ninguém.

Enquanto o copo esvazia, a alma aquece nesta noite fria, a lua aparece, o telefone continua sem tocar, mas o sorriso de cá é o mesmo de lá.

Acaba-se a música, a cerveja, a página. Mas são infinitos os dedos que dançam no teclado, os olhos que se procuram na tela morta, o pensamento entrecruzado.

Noites diferentes, com diferentes quereres e destinos, mas ao amanhecer, o saber-se juntos, mesmo sem explicar como nem por que.

Eis um muito obrigada por ser tão meu assim, por ser tão safadinho assim, por ser tão Diego, enfim. Amo saber que te amo!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mateus e Carla

Depois de tanto tempo sem escrever aqui, venho homenagear duas pessoas que tenho o maior orgulho de ter conhecido. Mesmo tendo acontecido inúmeras coisas boas, ruins, marcantes ou nem tanto comigo, minha família e outros amigos. Acho extremamente necessário a mim, a eles e a quem acha que se aprende com as experiências alheias aqui relatar o que aprendi.

Para quem não sabe, comecei a me virar aqui em Porto Alegre com aulas particulares. Meus grandes e principais – economicamente falando – alunos são interessados em Concursos Públicos. O primeiro deles, é um dos personagens de quem aqui homenageio. Marcamos a aula pelo telefone, e depois de ter passado a euforia de ter conseguido meu primeiro aluno, lembrei-me que não teria cadeiras para poder dar a tal aula. Pedi emprestadas, duas, a meu primo (que ainda não devolvi, e acho que não devolverei mais). Ele ficou de encaminhá-las até as 18h e a aula era às 19h de uma segunda-feira.

Bom, o Mateus, meu aluno, chegou e eu não tinha cadeiras. Expliquei a situação e começamos a aula no sofá; ou melhor, tentamos começá-la, pois conforme sentamos, meu sofá quebrou e nós dois caímos. Tentei cavare entrar um buraco, mas meu cabelo trancou... risos...

Mateus, comovido com a minha situação disse: 'o bom disso, é que essas relações deixam de ser diplomáticas...' Acho que ele já previa o quanto de amizade estava surgindo naquele dia. Alguns momentos após este incidente, o encarregado por trazer as cadeiras chega, trazendo também uma geladeira e um fogão, emprestados – e também ainda não devolvidos – pelo mesmo primo – Ângelo. Acho que vocês já imaginam quem carregou esses eletros até o terceiro andar, onde moro, né?

O que tenho pra contar depois disso tudo? Diferente do que pensei, Mateus voltou à minha casa e continuamos tendo aula, agora com cadeiras e algumas brindadas a cervejas nos últimos momentos.

Em um sábado à tarde, em que faríamos mais de cinco horas corridas, ele me propôs que eu fosse à casa de sua avó, onde ficaria mais à vontade, e eu conheceria um pouco mais a sua namorada Carla, já a mim anteriormente apresentada. Assim fizemos. Neste mesmo dia, teve um aniversário na casa da mãe do Mateus, e que eu acabei sendo convidada; um pouco por compaixão, solidariedade e muito pela confiança na amizade que cada vez mais se fortificava. A família dele é extremamente fantástica, sua mãe ímpar, e este dia foi, no mínimo, inesquecível.

Assim, Carla foi começando a ser por mim conhecida cada vez mais. Deixamos as aulas e continuamos com as cervejas, conheci o Marinho e seu bar, as histórias de vidas e sonhos de Carla eram cada vez mais íntimas e nós duas nos dávamos conta do quanto somos/éramos diferentes.

Um dia, ela me disse: “Renata, tu trata os caras que tens interesse da mesma forma que tratas teus amigos. Deixa eles fazerem a parte deles também na relação.” Isso enquanto caminhávamos, pela Ipiranga com destino ao pôr-do-sol do Guaíba. Talvez ela não tenha noção do quanto essa primeira fala/ensinamento marcou em mim. Dias depois, estávamos os três bebendo aqui em casa, e ela escreveu o que por um bom tempo deixei anexado à geladeira emprestada e pelo Mateus carregada, o que considerei um manual para uma nova forma de ser. Ontem exatamente decidi tirá-lo de lá, por considerar ser um ensinamento já aprendido.

Estive em falha com ela, nesta última semana.

Hoje, Mateus e Carla moram em Gramado, onde tentam reconstruir suas vidas, a partir do que têm e sabem. Aquele longo caminho de um casal que recém tá começando a aprender caminhar de mãos dadas.

Sexta-feira liguei pra Carla, quando estava em um ônibus e percebi que ela não estava bem. Fiquei de retornar a ligação à noite, de casa. Passou sexta, sábado, domingo e eu não liguei. Agora, domingo à noite, recebo uma ligação dela, dizendo que está muito feliz por ter conseguido um novo emprego e que ela sabe que eu me divirto com as situações por ela enfrentadas atualmente.

Lógico que ela estava bêbada, e quando perguntei isso, obtive como resposta: “Tu não acha que vou lembrar de te ligar quanto estiver rezando, né, Renata?” rsrsrsrs

Abaixo seguem fotos de uma tentativa da Carla em lavar roupa, meses atrás:


Depois de muitas risadas, tentei explicar pra ela e pra mim, o porquê realmente sinto prazer quando ela me conta as situações que está enfrentando. Carla é uma pessoa que teve a sorte de nunca precisar passar “muito” trabalho na vida. Hoje, ela vê a falta que faz um tanque, um mochinho, um liquinho de gás que seja. E mais que isso, ela sabe que daqui a pouco isso tudo vai passar, e o que ficarão, além das risadas, serão somente os ensinamentos obtidos nessa fase dolorida, mas necessária. Acho que as pessoas que convivem com ela, notam muito mais o quanto ela  cresceu e o quanto ela (além de nós) se ama e se orgulha da pessoa que se tornou, mesmo estando ainda em metamorfose.

Mateus, o homem mais apaixonado que conheci, sei que está esperando a maré baixar para contabilizar os peixes que conseguirá pescar. Todo pescador só sabe que é depois das tormentas que vêm os melhores peixes. Não tenho dúvidas de que este casal será mais vitorioso do que já é.

Fica aqui o meu muito obrigada por me deixarem repartir da amizade de vocês; pelos ensinamentos, risadas, bebidas, conselhos, ombros, crenças, promessas, sonhos, decepções, caminhadas divididas e fortalecidas com o passar do tempo.