segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nada de novo no Front

Hoje apresentei um seminário sobre Nada de novo no Front – Erick Maria Remarque - a obra trata de um grupo de estudantes alemães de 19 anos, em média, que se alistam para a Primeira Guerra. Porém, essa frase de impacto é-nos apresentada ao final da narrativa quando o narrador-personagem (último dos sete colegas) “tomba na linha de frente”.
Pensando nos últimos acontecimentos de minha vida, e a leitura do livro faz parte deles, relaciono o que tenho vivido com as experiências narradas pelo personagem Paul, o narrador. Ele se assume como alguém sem futuro, já que não tem uma profissão e não há uma família que o espere. Pais e irmãos já não são motivos para se manter vivo na linha de frente. Partindo dessa metáfora, penso: o que me mantém viva? Tenho mais de dez anos de diferenças deste adolescente e posso vincular-me ao mesmo raciocínio. Meus pais e irmãs são ouro em minha vida, mas não são o motivo que me mantém na linha de frente de minha batalha, e ainda em pé. Se eu disser que vivo para o estudo, como muitas pessoas pensam, estarei mentindo, é evidente que também não vivo para acumular bens – chega a ser engraçado pensar isso – não vivo pensando em constituir uma família, nem plantar árvores, e quem sabe um dia lançar um livro... porém também não é esse o motivo de minha vida. Afinal, o que me mantém viva?
Acho que a resposta veio em forma de perguntas, ontem, quando conversava com um amigo com o mesmo dilema de caminhos a percorrer. Estou viva para me constituir. E “na medida do possível,  procuramos adaptar-nos da melhor forma às situações que surgem, aproveitando todas as oportunidades e passando diretamente, sem transição, dos estremecimentos de horror às piadas mais tolas. Não podemos agir de outra forma, é assim que nos encorajamos.” (Remarque: 1974, 189)
É isso, as tentativas de ataques de nossos inimigos – pessoas e/ou situações que te magoam, maltratam, humilham, ridicularizam só serão vencidas se conseguirmos chegar às piadas tolas, pois se há o horror, não se pode valorizá-lo ainda mais, é necessário dissimulá-lo até que ele já não exista. Até que e transforme em apenas uma lembrança a mais de todo o nosso repertório de existência.
Nos últimos meses, encontrei pessoas que me julgaram sem conhecer verdadeiramente, que fingiram ser o que não eram por uma situação vil e ridícula, que fugiram disfarçadas de outrem para não encarar um diálogo sincero... essas situações me enfraqueceram, me fizera chorar, me ferem ainda hoje, diante da realidade que me levaram, porém eu sei que estou apenas na linha de frente e que aqui não é meu lugar permanente. Estou em luta e manter a seriedade e vida é o objetivo.
Então, a única arma que encontro para enfrentar essas situações é o riso. Normalmente, quem te proporciona este armamento são as outras pessoas, aquelas que voltam ao campo de batalha para te buscar e apoiar, e que a palavra amigo perde o sentido quando colocada do lado do companheiro. Este mesmo companheiro que volta porque sabe o horror que é estar sozinho e perdido no meio da guerra, é que será o responsável por achar motivos para que os dois possam, posteriormente, rir – e muito – da situação enfrentada.
Ao final, quando já outras batalhas tiverem sido vencidas, ambos companheiros, rindo, lembraram : " - Afinal, não há nada de novo no Front." 

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