domingo, 23 de janeiro de 2011

Mateus e Carla

Depois de tanto tempo sem escrever aqui, venho homenagear duas pessoas que tenho o maior orgulho de ter conhecido. Mesmo tendo acontecido inúmeras coisas boas, ruins, marcantes ou nem tanto comigo, minha família e outros amigos. Acho extremamente necessário a mim, a eles e a quem acha que se aprende com as experiências alheias aqui relatar o que aprendi.

Para quem não sabe, comecei a me virar aqui em Porto Alegre com aulas particulares. Meus grandes e principais – economicamente falando – alunos são interessados em Concursos Públicos. O primeiro deles, é um dos personagens de quem aqui homenageio. Marcamos a aula pelo telefone, e depois de ter passado a euforia de ter conseguido meu primeiro aluno, lembrei-me que não teria cadeiras para poder dar a tal aula. Pedi emprestadas, duas, a meu primo (que ainda não devolvi, e acho que não devolverei mais). Ele ficou de encaminhá-las até as 18h e a aula era às 19h de uma segunda-feira.

Bom, o Mateus, meu aluno, chegou e eu não tinha cadeiras. Expliquei a situação e começamos a aula no sofá; ou melhor, tentamos começá-la, pois conforme sentamos, meu sofá quebrou e nós dois caímos. Tentei cavare entrar um buraco, mas meu cabelo trancou... risos...

Mateus, comovido com a minha situação disse: 'o bom disso, é que essas relações deixam de ser diplomáticas...' Acho que ele já previa o quanto de amizade estava surgindo naquele dia. Alguns momentos após este incidente, o encarregado por trazer as cadeiras chega, trazendo também uma geladeira e um fogão, emprestados – e também ainda não devolvidos – pelo mesmo primo – Ângelo. Acho que vocês já imaginam quem carregou esses eletros até o terceiro andar, onde moro, né?

O que tenho pra contar depois disso tudo? Diferente do que pensei, Mateus voltou à minha casa e continuamos tendo aula, agora com cadeiras e algumas brindadas a cervejas nos últimos momentos.

Em um sábado à tarde, em que faríamos mais de cinco horas corridas, ele me propôs que eu fosse à casa de sua avó, onde ficaria mais à vontade, e eu conheceria um pouco mais a sua namorada Carla, já a mim anteriormente apresentada. Assim fizemos. Neste mesmo dia, teve um aniversário na casa da mãe do Mateus, e que eu acabei sendo convidada; um pouco por compaixão, solidariedade e muito pela confiança na amizade que cada vez mais se fortificava. A família dele é extremamente fantástica, sua mãe ímpar, e este dia foi, no mínimo, inesquecível.

Assim, Carla foi começando a ser por mim conhecida cada vez mais. Deixamos as aulas e continuamos com as cervejas, conheci o Marinho e seu bar, as histórias de vidas e sonhos de Carla eram cada vez mais íntimas e nós duas nos dávamos conta do quanto somos/éramos diferentes.

Um dia, ela me disse: “Renata, tu trata os caras que tens interesse da mesma forma que tratas teus amigos. Deixa eles fazerem a parte deles também na relação.” Isso enquanto caminhávamos, pela Ipiranga com destino ao pôr-do-sol do Guaíba. Talvez ela não tenha noção do quanto essa primeira fala/ensinamento marcou em mim. Dias depois, estávamos os três bebendo aqui em casa, e ela escreveu o que por um bom tempo deixei anexado à geladeira emprestada e pelo Mateus carregada, o que considerei um manual para uma nova forma de ser. Ontem exatamente decidi tirá-lo de lá, por considerar ser um ensinamento já aprendido.

Estive em falha com ela, nesta última semana.

Hoje, Mateus e Carla moram em Gramado, onde tentam reconstruir suas vidas, a partir do que têm e sabem. Aquele longo caminho de um casal que recém tá começando a aprender caminhar de mãos dadas.

Sexta-feira liguei pra Carla, quando estava em um ônibus e percebi que ela não estava bem. Fiquei de retornar a ligação à noite, de casa. Passou sexta, sábado, domingo e eu não liguei. Agora, domingo à noite, recebo uma ligação dela, dizendo que está muito feliz por ter conseguido um novo emprego e que ela sabe que eu me divirto com as situações por ela enfrentadas atualmente.

Lógico que ela estava bêbada, e quando perguntei isso, obtive como resposta: “Tu não acha que vou lembrar de te ligar quanto estiver rezando, né, Renata?” rsrsrsrs

Abaixo seguem fotos de uma tentativa da Carla em lavar roupa, meses atrás:


Depois de muitas risadas, tentei explicar pra ela e pra mim, o porquê realmente sinto prazer quando ela me conta as situações que está enfrentando. Carla é uma pessoa que teve a sorte de nunca precisar passar “muito” trabalho na vida. Hoje, ela vê a falta que faz um tanque, um mochinho, um liquinho de gás que seja. E mais que isso, ela sabe que daqui a pouco isso tudo vai passar, e o que ficarão, além das risadas, serão somente os ensinamentos obtidos nessa fase dolorida, mas necessária. Acho que as pessoas que convivem com ela, notam muito mais o quanto ela  cresceu e o quanto ela (além de nós) se ama e se orgulha da pessoa que se tornou, mesmo estando ainda em metamorfose.

Mateus, o homem mais apaixonado que conheci, sei que está esperando a maré baixar para contabilizar os peixes que conseguirá pescar. Todo pescador só sabe que é depois das tormentas que vêm os melhores peixes. Não tenho dúvidas de que este casal será mais vitorioso do que já é.

Fica aqui o meu muito obrigada por me deixarem repartir da amizade de vocês; pelos ensinamentos, risadas, bebidas, conselhos, ombros, crenças, promessas, sonhos, decepções, caminhadas divididas e fortalecidas com o passar do tempo.

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