domingo, 15 de agosto de 2010


Enquanto finges que dormes, finjo que te amo, finjo que te quero, finjo que te desejo. Finjo porque meu corpo não consegue esconder a dor de saber perder-te. Sua distância em sua presença é pior que a ausência. Dor de não ser desejada... sinto-me de novo uma mulher vazia, sem nada além de defeitos. Tirasse-me de um caos, mostrasse-me o quão se pode ser feliz e ao caos me devolves... o que mais dói é saber que você não tem sequer noção do que esta fazendo.
Há muito tempo não tinha o desejo de descobrir defeitos e odores de alguém, você aparece todo imperfeito, se encaixando perfeitamente ao espaço que me faltava e que sequer imaginava que existia.
Queria saber onde errei... talvez em me permitir ser eu... mostrei-te o meu lado mais seguro. Não quis ser uma mulher apenas, quis ser alguém, alguém que tem micose nos pés, cabelos estranhos e um corpo que afasta... mostrei-te um ronco, um chulé, uma porção de cremes que iludem a beleza industrializada. Me inibis na musica, fico muda; encantada, no entanto, assim como Ulisses diante ao canto das sereias, busco uma salvação pra não me deixar levar- ser fiel ao meu destino...se é que eu sei qual é. Vivo-o apenas, e hoje você faz parte dele. Até quando? Quero não pensar no futuro e viver o presente, mas me vejo ridícula agora... tento ser a aventureira que me lembrasse ser na primeira semana que vivemos juntos, no entanto, já não tens paciência pra mim...
Ia ser tão mais fácil se eu conseguisse me envolver com outras pessoas, entregar meu corpo a qualquer outro cara, que espero não ter nome, risada, história, olhar, para assim não correr o risco de tentar te achar nele...
Aff...o que é isso?
Deixe-me, deixe-me, deixe-me apenas sentir-te e não me deixe...não me deixe, não me deixe...

2 comentários:

Anônimo disse...

Verdadeiro, carregado e transparente. Terrivelmente sólido. Uma insensível tremendamente sensível.

Pri Ferreira disse...

Amei o texto!