quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Intelectual?




Em discussão com amigos, colegas de grupo de pesquisa, teóricos em seus friamente quentes papeis , pergunto-me: quem é, hoje, o intelectual? Durante muito tempo ele foi classificado como aquele escondido atrás de livros, livros e mais livros. Que não tinha propriamente uma identidade, mas uma teoria. Teoria de Marx, de Darwin, de Einstein, de Foucault, de Bachelard... não interessa a área, e sim a teoria de quem a define. E hoje? Milhares e milhares de pessoas continuam estudando, aprendendo, apreendendo conhecimento e transformando em ciência – exata ou humana. Entro nesta discussão para defender o meu intelectual preferido. Seu Beto. Este ai da foto. Ele faz questao de dizer que tem estudo. Mas não foram os anos que fez em curso técnico de veterinária que me atraem. Sua teoria é muito além de livros. É feita da história viva, vivida, sentida e retratada em seu olhar. Um homem que tem a profissão de catador de lixo e que faz a seguinte metáfora: “O animal é como um homem. O catador é como um sapo. O sapo cata mosca, cata mosquito pra sobreviver. E o homem cata lata,cata plástico, cata vidro pra sobreviver. A sociedade nos despreza, ela tem um grau de hipocrisia, que ela tá sabendo que ela precisa de nós, mas ela nos despreza, mesmo ela precisando de nós. Porque sem nós, eles morariam numa montanha de lixo. Sem nós. E nós, sem o sapo, viveríamos tapados de mosca. Então, este é o nosso papel. Nos catemo pra sociedade burguesa sobreviver, e o sapo cata mosca e inseto pra que eles não nos prejudique. Então, comparando pra sociedade nós somos que nem o sapo. Que pra sociedade é um bicho asqueroso. E pra sociedade, nós também somu comparado com uma coisa asquerosa. Mas é a vida. É a vida, e ela nos ensina a viver assim, e assim que tem que ser. Aceitar o desprezo de alguém, às vezes, menor que a gente. Porque eles são menos útil que a gente, mas a gente tem que aceitar.” (Seu Beto, maio de 2009) ao meu ver é um intelectual. E não apenas porque possui inteligência e sabedoria ao falar. Talvez ele nem saiba o que é“metáfora”. No entanto, intelectual, como bem define Gramsci é aquele que se mistura à massa, que não ó tem, mas como expande a sua conscientização política à sociedade. Aprendi com este homem, que hoje tenho como um verdadeiro Homem (com H maiúsculo) que não nos interessa o núcleo que vivemos ou que temos que suportar. O que é preciso é a capacidade de se mostrar, inteiramente, da forma que se é; eis a Teoria Moreira.

2 comentários:

Magali disse...

Olá...belo blog..parabéns..

ana disse...

Existem tantos filósofos desconhecidos nas ruas...às vezes algo dramático/perdas os atiraram para lá...mas muitos conhecem a maior aprendizagem do ser humano...a filosofia da VIDA...o que importante para mim? Se são felizes...porque muitos o são, e são pessoas cultas (estou-me referindo a sem-abrigos e a um livro que li "A saga de um pensador" de August Cury. Infelizmente, para a nossa sociedade, génios da rua são tratados como o lixo que descreve. Oiço e conheço histórias de grandes professores que por esgotamento/esquizofrenia a sua vida fragmentou e vagueiam pelas ruas...só gostava mm de saber se são feliz no novo mundo ou então conseguir fazer algo...aquele sentimento de impotência perante o facto "não consigo mudar o mundo", mas vou tentar fazer o meu mundinho melhor