segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Querer nao querer

É algo um tanto estranho o quanto desejamos não desejar tal coisa ou situação. Desejamos que não tenhamos vontade de beber em uma festa a ponto de fazer mais um fiasco; desejamos não amar demais, a ponto de nos humilhar por alguém que nos ama, apenas o suficiente; desejamos não deixar de ler aquele texto chato que precisamos entender para conseguir elaborar o artigo que necessitamos; desejamos não gastar mais que o limite bancário, mas isso é impossível diante às lojas com promoções, tão desnecessárias e necessárias ao mesmo tempo; desejamos não ter crédito no celular sexta à noite, quando começar a chover e nos lembramos daquele que não está mais aquecendo nossos pés, em dias de chuva; desejamos não desejar ligar, caso tenhamos saldo nesta sexta...
Enfim, e o pior de tudo isso é que depois que a vontade passa, e quando acontece a excessão de termos sedido ao primeiro desejo, ou seja, de nao desejar, vemos que aquilo que parecia impossível, nao é nada, na realidade.
Escrevo isto, hoje, por inúmeros fatores.
O primeiro dele refere-se ao texto aqui em baixo. Só o publiquei agora porque não representa mais nada para mim. Tornou-se um texto que deve ser lido. A pessoa a qual eu escrevi nunca soube de sua existência, e acredito que continuará a não saber... risos... Porém, era um texto, dos milhares que tive em meu PC, com senha. Sempre que coloco senhas em meus textos, elas são superficiais e fáceis de esquecer, porque ao escrever eu extrapolo este sentimento que me angustia e é como se eu conseguisse minimizá-lo. A senha é colocada, então, para que ninguém possa ter acesso a ele, inclusive eu mesma, uma vez que já terei a esquecido.  Este jogo bobo foi feito porque muitas vezes desejei não desejar sentir aquele sentimento arquivado em word novamente. E ao lê-lo dou-lhe vida. Foi o que aconteceu com este aí (que só sobreviveu ao delete porque lembrei da senha), tem uma vida, no entanto, uma nova vida. Não mais depressiva e deprimente como foi à época.
Escrevo também por ter sido, há poucos minutos atrás, testemunha de um grande passo dado por uma amiga. Pediu divórcio de um casamento acabado há tempos. A relutância dela sempre foi desejar não desejar este divórcio, mas quando conseguiu concretizá-lo sua reação foi: "Pior é que eu acho que estou bem...o duro foi o dizer pra ele...tudo me leva a isso, como eu sou bunda mole...já era pra ter feito isso(...)"
Escrevo também porque estou com inúmeros polígrafos em volta, os quais preciso ler e entender para a preparação de uma seleção de mestrado. Desejo não desejar deixar de ler, no entanto, isso sempre acaba acontecendo. Neste exato momento, por exemplo, devia não estar escrevendo e sim lendo-os.

Fazer o quê? Não sei. Realmente não sei. Apenas vou fazendo à medida que sou. Assim, acredito que agimos e pensamos todos nós, nao é?

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